Caminhar é um ato que edifica o ser humano, possibilitando novos conhecimentos, experiência e qualidade de vida. Está estritamente ligada ao desenvolvimento da humanidade, seja nas imigrações ou nas peregrinações que ficaram famosas nos relatos dos livros sagrados. Movimentar-se pela comunidade que nos abriga, pelos territórios vizinhos que prometem novas paisagens e aromas, e pisar em solos que estimulam novas sensações são ações que contribuem para o nosso psicológico e bem-estar social. Foi assim que a Casa Antonio Fernando dos Santos (CAFS), da Cáritas Campinas/SP, criou em janeiro de 2020 o Grupo de Caminhada, e que durante a pandemia da Covid-19 se mostrou como estratégia essencial no cuidado da saúde mental e física das pessoas acolhidas no serviço.

Na história do abrigo sempre esteve presente a prática de caminhar, entre os usuários que se deslocavam para os serviços parceiros como o Centro de Saúde, ou ao Centro de Atenção ao trabalhador (CPAT), em busca do cuidado da saúde propriamente dito, ou de uma oportunidade no mercado de trabalho. Existiram casos de moradores que ao apresentarem crise devido a abstinência ou fissura pelo uso de substância psicoativa, os funcionários da instituição manejavam a situação realizando caminhada pelo bairro, colaborando para auxiliar o sujeito a lidar com a dificuldade com a dependência química.

No mais, caminhar esteve presente na biografia de cada pessoa atendida, uma vez que é uma ação “gratuita” e que possibilitou que os mesmos acessassem serviços, bairros e a casa de pessoas queridas em suas vidas.

Como esse grupo se mostrou como uma boa forma de se trabalhar com os usuários o autocuidado, o pertencimento à comunidade e de se lidar com o sedentarismo, em meio a pandemia, onde as pessoas eram orientadas a não frequentarem locais fechados, evitar aglomerações e no caso do abrigo, a se manterem todo tempo nas dependências da casa, se viu o desafio coletivo de lidar com os sentimentos gerados pela quarentena, o crescimento da ansiedade, e o próprio medo e receio de se contaminar, além do abuso do consumo de medicamentos tanto psiquiátricos, quanto de analgésicos.

Durante a quarentena nós realizamos vários Grupos de Caminhada e houve adesão da maioria dos moradores, que acompanhados da Terapeuta Ocupacional ou do Psicólogo Social, percorreram as ruas da região e uma trilha próxima, locais com pouca circulação de pessoas e possibilitava o ir e vir, sem se expor com relação ao vírus.

Em meio a rotina de acolhimento na pandemia, percebemos uma melhora no estado psicológico dos moradores, na autoestima e na convivência diária entre eles e com os funcionários.

A estratégia do Grupo de Caminhada se mostra como um recurso valioso para se trabalhar no abrigo para pessoas em situação de rua e em diversos contextos e com diferentes públicos. Com o crescimento de casos de obesidade, diabetes, hipertensão e transtornos de ansiedade e quadros de depressão, fazer caminhada, principalmente de maneira organizada e frequente, contribui para o desenvolvimento e fortalecimento de uma vida saudável. Aspecto que nós da Cáritas acreditamos e semeamos incentivando no dia a dia, enquanto missão humana, social e espiritual!

Michel Vinicius C.

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